5 de outubro de 2008

Leituras (19)

(...)Foi tanto tempo a querermos ser futuro que chegámos a ele com aquela pressa demasiada ao que acontece agora e, por isso, estamos reféns de um presente que nos assusta, nos demite de sonhar qualquer coisa melhor como possível.
(...)Toda a vida comprarei tudo a prestações e em segunda mão. Menos os livros que escrevo. E mesmo os livros que escrevo são outra verdade relativa: É que vivo num país com treze milhões de analfabetos. Não sei, por essa razão, se sou eu que os ignoro ou serei eu um ignorante com causa nisso.
(...)O poeta não é um fingidor. Foi. E isso, há muito tempo. O poeta, agora, é um não fingidor a tentar mostrar que é muito sério do que parece. Não tendo verdades, nem terríveis nem altíssimas, o poeta é um vulto que está sempre a perguntar por onde é que andam os outros. Mais fingidores que o fingidor que lhe atríbuem, menos clarividentes que o tonto com que o rotulam. O poeta não é um chato. O poeta é um chato nos chatos dos outros. Um chato que se chateia com a chatice dos chatos que têm chatos onde o poeta é chato.(...)

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