(...) Se a vitória se organiza, a derrota também. O maior partido da oposição surgiu apático, desarticulado, sem estratégia e organização real, com posicionamentos contraditórios e demonstrando varias vezes uma ignorância sistemática da legislação pela qual votou, fazendo da lei um pedaço de papel que se corta, recorta e deita-se fora ao gosto do chefe. A desorganização primou. Vi na minha terra umas duas dúzias de membros da RENAMO, buscados em Matenge e outros locais bem fora do município, a dormirem no passeio em frente da dita Delegação Provincial, reclamando dinheiros para comer e outros subsídios prometidos.
(...) A cidade da Beira torna-se um caso de estudo. Na Beira, a vitória do independente Deviz Simango não se pode interpretar como uma derrota da FRELIMO, que ganhou a Assembleia e muitos mais votos em relação a quaisquer pleitos desde 1994. O voto Simango aparece mais como uma reacção contra as manipulações a que esteve submetida a sua candidatura. Simango, porém, para exercer o seu mandato deverá compor com a bancada maioritária da FRELIMO. Estarão as partes dispostas a entendimentos? A sensatez obriga a que o façam.
(...) Estará a FRELIMO confortável com o esboroamento progressivo do seu principal opositor? Na minha opinião a troca entre o deficit da qualidade da crítica por um superavit de insultos, impropérios, em resumo inépcias, nem beneficia a FRELIMO, nem o país. Não podemos, porem, criticar qualquer partido no mundo, e em Moçambique portanto, pela má qualidade do seu opositor. Difícil endireitar uma corcunda de nascença, quando assim se nasceu e nunca se corrigiu o defeito. Desejo que do esboroamento da RENAMO nasça um partido com cultura de Estado e visão patriótica. Moçambique precisa.
Domingo - 23 Novembro/2008
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