6 de janeiro de 2009

Leitura

O PR foi ao Parlamento declarar que o estado da nação é bom. Mas 70-80% de reprovações indicam que se está na negativa num sector essencial para o desenvolvimento do país. Daqueles que reprovaram muitos não continuarão estudando. Vão desse modo engrossar as fileiras dos desempregados e dos que não concluíram o último nível de educação a que se candidataram.
O país sente necessidade de uma massa crítica de trabalhadores possuidores dos conhecimentos indispensáveis para a execução de trabalho com a qualidade necessária. Se as pontes ou aquedutos sofrem danos precoces em decorrência de construção precária, se o trânsito é interrompido na principal rodovia do país porque o sistema de escoamento de águas pluviais não aguentou com as chuvas que caíram comos me verificou recentemente em Inhambane, isso tudo deve-se à incapacidade de projectar, realizar e fiscalizar obras, o que nos leva ao sistema de educação que o país possui. Quando a fome é crónica nalguns lugares do país, quando os rendimentos agrícolas são extremamente baixos, quando não se faz o aproveitamento económico possível dos recursos existentes isso é um dos derivados de uma educação distante das necessidades do país. É aqui que se vê que no essencial a governação está a falhar liminarmente. Não temos gente com formação capaz de permitir que o País se desenvolva porque os últimos anos de formação, de dita Educação, foram um fracasso que os números não deixam mentir.
(...)
Há relatos até televisivos de que alunos da terceira classe não sabem ler. Até alunos de níveis mais altos com certificados na mão, não sabem ler nem escrever. É o falhanço total das Educação e é preciso que alguém seja responsabilizado por isso. Mas parece que estamos como quanto à criminalidade. Nunca há quem responda por isso. E depois são esses que deixam as coisas chegar a este ponto que nos vêm falar de patriotismo e de auto-estima?
O discurso de um aluno pré-universitário aproxima-se de um estudante da nona classe. Num sistema funcional de Educação quanto mais graduado for um cidadão mais se espera dele. No nosso caso os diplomas só garantem quantos anos os alunos andaram na escola, não garante que tenham aprendido mais por lá terem andado a obter diplomas mais anos.
(...)
O governo do dia falhou e o país tem de exigir contas disso. A derrocada vai avolumar-se se nada for feito já. É treta quando se fala em combater a pobreza com estas condições e muita outra legislação conexo com que são nos andam a enganar. Nenhum empregador pode pensar em investir com as leis trabalhistas que temos quando vistas na perspectiva desta educação vergonhosa que temos, salvo algumas honrosas excepções que têm mais a ver com mérito de certos estudantes e professores individualmente do que com boa governação.
Noé Nhantumbo
Canal de Moçambique - 6 Janeiro/2009

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