8 de março de 2009

Biblioteca

No campo, o ciclo da vida continuou sendo sempre o mesmo, pautado pela simplicidade do milagre de plantar, acarinhar e colher. E, um belo dia, ao cair da noite aconteceu encontrarmo-nos num ponto sem referência, festejando a abertura da época do caju: éramos todos desconhecidos uns dos outros. Mas tudo se ultrapassou após as primeiras, curtas e decisivas palavras: afinal, na nossa multiplicidade, muito havia que nos unia. É nosso propósito, portanto e apenas, virmos aqui contar estórias. Como poderá ver, nem são estórias cuja autoria possamos reclamar: a sua origem perde-se na ancestralidade deste tempo que a todos nos urge. A fonte é esta mesmo que explicaria o fluir da vida, os anseios e angústias, alegrias, derrotas e vitórias que fazem de nós o que somos - simples homens.
O que está para além disso - porque existe - faz parte do desafio que aqui se insinua. Não nos pensamos como totais, visto que sabemos que a outra parte, importante, reside em quem nos irá ler, compreendendo-nos à sua imagem e semelhança.
O que se propõe não é o conhecimento do homem, mas o aflorar da sua sugestão.
Do Prefácio, escrito à guisa de Comunicado conjunto dos narradores

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